Macaúbas também deverá ser contemplada com algumas centenas destas torres e a situação que ocorre em Igaporã deve servir de alerta para as comunidades rurais de Macaúbas. Não se tem por parte do Poder Público local, informações sobre a execução de tal projeto, os impactos, como estão sendo tratadas as famílias, proprietários de imóveis, além disso, parece que não foram divulgadas as ações das empresas no município, os impactos ambientais e quanto a assistência às famílias. O blog não consegui manter contato com as empresas, nem com a Prefeitura, mas espaço fica aberto para interessados. O temor é que os problemas enfrentados em Igaporã se repitam em Macaúbas, veja nota publicada no Blog do Glauber esta semana:
Conforme nota do blog do Glauber, o padre Paulo Henrique, em entrevista à Rádio Igaporã na tarde desta terça-feira (22), falou sobre a atuação das empresas “eólicas” no município e externou sua preocupação com a situação das comunidades rurais.
A Igreja Católica formou a Comissão Pastoral do Meio Ambiente para atuar junto às comunidades, através de um trabalho informativo que tem por objetivo minimizar os impactos negativos decorrentes da ação das “eólicas” e capacitar estas comunidades a lutarem legalmente por seus direitos.
Uma constatação inicial, segundo o Pe. Paulo Henrique, é a de que os moradores das localidades atingidas pelas obras do parque eólico não receberam qualquer assistência do poder público local.
O padre apresentou diversas denúncias e reclamações de moradores, obtidas durante reuniões realizadas em igrejas da zona rural. O início dos transtornos foi na chegada dos primeiros representantes das empresas, que fizeram o reconhecimento da área e cadastramento dos moradores. Estes foram abordados em suas residências e, em muitos casos, relatam constrangimentos e ameaças para assinarem os contratos de arrendamento por períodos em torno de 30, 40 a 50 anos. Diante das recusas, os funcionários afirmavam que os pequenos proprietários teriam que assinar, pois se tratava de uma obra do governo e, de qualquer jeito, teriam suas terras invadidas pelas obras do parque eólico. Caso não assinassem, poderiam ficar “sem receber nada pelas terras”. Esse relato foi feito por cerca de 90% dos moradores, segundo estimativa do pároco.
O padre demonstra extrema preocupação com a situação encontrada no Município. “Eu sinto que em Igaporã, as empresas chegaram e parecem que disseram ‘toma conta’, ‘façam o que vocês quiserem no Município”, reclama.
Ele narra uma experiência pessoal, durante viagem à comunidade da Santana, quando enfrentou dificuldades devido à construção de uma estrada para circulação dos veículos utilizados na obra do parque eólico. Após um percurso maior do que o costumeiro conseguiu chegar à Santana e se reunir com a comunidade na Igreja. No templo estranhou o número muito reduzido de fieis, diferente das outras celebrações, pois “a Santana é uma comunidade viva, ativa…o povo participa das celebrações com a capela sempre lotada. Nesse dia não foi quase ninguém. As pessoas disseram: ‘Ah, padre, a gente agora quase que não tá vindo à Igreja. A gente tá impossibilitado de passar nas estradas de tanta poeira que a a gente tem aqui”, narra o pároco. “Nesta celebração, percebi um povo triste, deprimido, abatido…”, complementa.
O padre enumera uma série de reclamações que ouviu da própria comunidade, algumas já relatadas em matérias anteriores da Rádio Igaporã: “Primeiramente, não tem sinalização nas estradas. Os carros das empresas trafegam de forma irresponsável, gerando o risco de acidentes, segundo os próprios moradores. Os alunos já foram impedidos de comparecer à escola devido à impossibilidade de locomoção dos ônibus escolares”, denuncia o pároco, que comenta ainda sobre outros problemas, como a destruição ambiental (fauna e flora) e danos à estrutura das residências, com rachaduras provocadas pelas explosões realizadas nas obras. A população local está apreensiva com a interrupção dos cursos de água que se formam durante as chuvas, em córregos e riachos. Várias estradas construídas pelas eólicas interromperam esses cursos, sem a colocação de manilhas para a passagem da água, o que poderá provocar enchentes e deixar a comunidade ilhada.
O padre Paulo Henrique finalizou assegurando que a CPMA continuará acompanhando de perto o cotidiano das comunidades impactadas pela construção do parque eólico, em Igaporã, orientando quanto aos direitos e as formas de cobranças disponíveis a essas comunidades.