“Pela paz que não se deve seguir: que se rompam as grades.
Por Sócrates Menezes
A cidade, representada por sua história oligárquica, apresenta sua arquitetura; regida por lobos do capital, apresenta suas vidraças e marquises; protegido por sua polícia, apresenta os cassetetes.
A cidade é a prisão vigiada, mas quando um gigante de 400 mil braços se levanta, no meio dela, sua história vira piada ilegítima nas cores de um spray; suas lojas e bancos se denunciam e se esfacelam tão facilmente como atirar uma pedra num cristal frágil; e sua polícia se acovarda, mesmo depois de tanta covardia quando o gigante era apenas um frágil jovem.
A quem interessa a paz? Panos brancos e cumplicidade só servem para quem não tem compromisso com a mudança. O que serviu o “ocupa Wall Street”, todos numa praça privada tocando violão? Serviu a própria Wall Street e seus regentes do capital financeiro.
O respeito a propriedade é a própria subserviência a ela. É ela, a propriedade, que polui o espaço público. Suas vitrines não mais ostentam, mas agora envergonham a cidade para o gigante que passou a ver seu reflexo por elas, e não mais se reconhece nela. A propriedade é o conteúdo vergonhoso da cidade, então o gigante dá a ela função prática: tonéis e ônibus como barricadas, vidraças quebradas para ampliar espaços e dar prejuízos a quem muito lucrou; prédios públicos ocupados por quem realmente representa o público.
O que chamam de vandalismo não passa de ação educativa para com a cidade e ato político contra a propriedade que, em seu tempo, deverá de ser destruída. A cidade ficou pequena e é preciso lutar por ela. Já que, “quem não se movimenta não sente as grades que o prende”, fará-se o quê com um gigante desses solto nas ruas?”
(Fonte do texto: facebook de Sócrates Menezes – Imagem acrescida por Macaúbas On Off – Foto: Veja.com)