Inicia o ciclo do umbu (ou imbu) no sertão, sinal de resistência e “inteligência vegetal”… O umbuzeiro “sabendo” que nossa região passa todo ano por um período de estiagem, sem chuvas faz sua própria reserva de água…
Muito deferente da maioria dos humanos, o umbuzeiro, símbolo de resistência do sertão, tem sua florada e nascimento de novas folhas justamente num período crítico: tudo tá seco e a temperatura chega superar até a 38 graus, sem levar em consideração a famosa “sensação térmica” termo muito usado nos telejornais quando se refere ao frio no sul brasileiro, no entanto a “nossa sençasão térmica” se opõe ao do sulista nesta época do ano… Voltando a “inteligência vegetal” do umbuzeiro, o Governo da Bahia tem o programa Água para Todos, segundo publicidade do Governo, milhões de baianos agora tem acesso a água potável, incluindo as pequenas criações e hortas de subsistência nas comunidades rurais do interior do Estado… Neste domingo, 24, visitei a comunidade rural de Açude, tem essa denominação por ter naquela localidade uma represa de água, que segundo informações, seu traçado original deveria ser três vezes mais do atual, foi construída na chamada “grande seca de 32”, tem sua administração sob responsabilidade da CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco), há rumores de sua municipalização, informação não confirmada.
Seja bem vindo: o “mata burro” por muito tempo foi a única via de acesso a comunidade de Açude, por esta “estrada” que na verdade não poderia ser usada para tráfico de automóveis, sendo o “piso” da barragem, ela propriamente dita, a parede de contenção das águas; por cima dela passam ainda carros que podem ou já danificaram a estrutura da barragem, há “tobogãs”, “sobe e desce”, verdadeira cratera, sobre a barragem, causando infiltração em sua parede de sustentação.
O “mata burro” é na verdade uma porteira com grades no solo, que deve impedir a entrada de animais na área da barragem, antigamente esta porteira era fechada… Hoje, vacas, bois, galinhas, galos, cachorro, cadela, burros e burras, até gente passa por ela… O impedimento de animais irracionais à barragem é apenas simbólico: “BIENVINDO HERMANO!”…
Eis aqui a “estrada” um sobe e desce… Bastaria algumas caçambas de terra (na casa das centenas) para fechar a cratera… A cor cinza da vegetação abre contrastes com alguns pé de cebola e alface plantados nas margens da pouca água da represa…
Lá em baixo, as margens da lagoa ainda é pouca “explorada” no que desrespeito a plantação de hortaliças, um meio de subsistência e até poderia ser uma fonte de renda se bem conduzida e usada de forma racional, melhor: inteligente! Dificuldade há… Água sempre foi motivo de desentendimento desde que o mundo é mundo! Nota-se que há presença de animais quadrúpedes ao lado das hortas, um branco cavalo… No caso ele tem livre acesso, pois não há um “mata-cavalo”, eu também entrei, pois também ainda não foi instalado um “mata-brogueiro”...
A água pouca e seu pouco uso racional…
Animais também sofrem, ou são o que mais sofrem com a longa estiagem… E a longa espera por soluções permanentes, sustentávies e humanas… “Antes de tudo o sertanejo é um forte”…
Euclides da Cunha foi no mínimo “diplomata”, antes de tudo: paciente, tolerante e por que não “cúmplice”? (Entendo que nem todo sertanejo seja aquele homem do campo, o rural, mas sim o homem político, público, irmão daquele homem do campo: o cúmplice, e os demais: tolerantes…) E vice versa!
A terra é também forte, boa… A vegetação resistente e parece que tem centenas de vidas, pois aos nossos olhos parecem secas, mortas… Quando os primeiros “pingos de chuva” caem sobre a seca terra, tudo se renova, tudo se transforma: o sertão vira uma floresta e o açude vira mar…
Cerâmica na “Rua do Escritório”….
Propriedade da Associação dos Moradores do Açude… Uma iniciativa no mínimo contraditória… Caminhões de lenha (madeira = árvores) deverão virar cinzas… Enquanto isso pouco projeto comunitário que poderia dar mais resultado financeiro à comunidade, proteção ao meio ambiente… A chamada sustentabilidade é um ideal não sustentado por alguns (ou muitos?) de nossos homens públicos e pela população… Quanto rende esta cerâmica para a comunidade? E um projeto que envolvesse a lagoa, turismo, lazer, INTELIGÊNCIA?… Ou é mais “sustentável” queimar lenha e não neorônios?
O apelo da placa transfere a responsabilidade pela preservação do meio ambiente a “TODOS”… Talvez seja uma questão cultural ou de “interpretação textual”, mas quando “todos” são convidados a um evento, dá uma idéia de “desprestigio” e o evento pode até ser um “fiasco”, a personalização do convite pode influenciar a participação ou presença dos “convidados”: “todos pela educação”… “Inclusive” VOCÊ”!
A evasão escolar pode ser um problema ecológico… Cadeiras vazias ou a falta dela
pode gerar um desequilíbrio na balança comercial, uma menor expectativa
de vida ou até obesidade…
O eminente “calote” da Grécia e a quebra de bancos internacionais têm também haver com a evasão escolar? Perguntaria um nobre leitor… O solitário banco sob a rala sombra de um umbuzeiro na lateral da estrada que dá acesso ao povoado de Açude, pode nada ter haver… Pode simbolizar o sedentarismo, a preguiça, um ponto de ônibus… Ou um lugar para o “forte sertanejo descansar” à sombra de outro símbolo de resistência que têm “inteligência vegetal”: tendo reservatório próprio de água…
A imagem não mente: eis aqui duas caixas d’água… Nem sempre o que vemos é verdade: Eis aqui o símbolo do descaso, ficou melhor assim… Duas caixas d’água inúteis, segundo a moradora (aquela lá na frente) informou que há anos não tem água… Para mim não importa os motivos, se estão rachada, podres… Se não têm utilidade, podem colocar em risco vidas, a de metal com a base muito enferrujada pode a qualquer hora caiar sobre pessoas, uma acidente ecológico, se somos “frutos do meio!”
Em oposição às caixas, aqui há muito tempo não “vasa água”…
O sangradouro do açude, quando cheia, a barragem, esta é a sua vazante, a depender do volume de água pode comprometer a estrada que “acidentalmente” foi construída ali… Iremos falar sobre a estrada que na verdade é uma BR 349… Pra começar veja, ou melhor, esforce para ver quantos centímetros tem o ACOSTAMENTO da rodovia BR, ela tem o mesmo traçado da anterior com curvas desnecessárias…
Parece ser, é ou foi… Sede administrativa da Barragem do Açude… Quase tudo explicado… Quem tem telhado de amianto, (por sinal produto cancerígeno) não dever jogar pedra… Nem praga…
Aqui uma praga… O cupim pode também destruir um pé de umbu, mas isso é uma relação de sobrevivência entre os vários elementos da natureza, eles não podem é está em minha casa (e na sua também)… No entanto, a resistência do umbuzeiro e sua tolerância dão espaço para todos, inclusive para os que querem exterminá-lo!…
A natureza é antes de tudo uma forte!
Dar-nos uma lição de SOLIDARIEDADE, resistência, acolhimento sem segundas intenções (ou décimas) e é insistente, não se acomoda; pois tudo PASSA, até o vigor de um UMBUZEIRO!…
