Há noventa dias (26/03/2016…) Para uns “engasgado”, talvez e certamente, “sufocado”, pensando e vivendo além do seu tempo, apesar de sua curta passagem aos 87 anos, Prof. Ático, queria mesmo ele era eternizar os seus sonhos… Mas vivia sua “angustia” na solidão daqueles que parecem sonhar sozinhos… Nato visionário há mais de duas décadas questionava ele os motivos de Macaúbas ainda não ter uma universidade, hoje em pleno século XXl, em 2016, há quem pense ainda que é sonho, uma utopia… Os seus questionamentos!…
Isso, certamente e talvez, por uma questão política/cultural, herança do “ranço” do sistema “coronelista” da administração pública, em todas suas esferas, mas para nós do “burgo” local, há 184 anos e ainda “vila”, no entanto “conectados via cabo”, mas ainda de “rabo preso” ao sistema político dos coronéis “in loc”… Seja os dos “ão” ou dos “inhos”, são iguais todos!..
E o texto a seguir, o qual faz parte de um conjunto de 54, retrata e parece que sempre vai retratar o “eterno pretérito imperfeito“… O Sr. Coronel já morreu?… Apropriado para as vésperas eleitorais, onde os sonhos estão atrelados ao voto… E este de cabresto, “sufocado” ainda não desce ao “goto” e, ainda permanecerá “engasgado”!…
E que suas ideias, sejam plantadas e irrigadas! Que não murchem como as plantas de seu jardim… Que não murchem como “corpos sepultos” sob sua estimada Jabuticabeira trazida de Goiana aos seus cuidados, como criança fosse, no seu colo… Que tenha Vida a Sua Casa, à sua Memória… O Memorial da Casa Viva!…
O Sr. Coronel já morreu?
Por Prof. Ático Vilas Boas da Mota , sábado, 28 de março de 2009
Quem dera! Antes já tivesse morrido e sido sepultado para sempre, no dia a dia de todas as comunidades brasileiras. Tal não aconteceu, em termos gerais, porque ele tem múltiplas facetas, muitas peles de camaleão e diversos fôlegos de gato. Dependendo de cada região, talvez em raríssimos casos, ele já esteja nas vascas da agonia, ou mesmo já tenha sido embalsamado. Ainda bem! Mas em muitas outras – insisto em reafirmar – que ele se encontra plenamente em vigor, embora disfarçado… Convido os fiéis leitores e / ou ouvintes da nossa querida e singular Rádio Melodia a uma rápida reflexão: Todos nós sabemos que existem vários ismos que assinalam não poucas vertentes da cultura em geral, por meio de diversos campos de ação: neotomismo, neoromantismo, neocapitalismo, neomodernismo, neoliberalismo, neomazismo (cruz credo!) etc. etc. Por que não haveria também de haver o neocoronelismo? Aliás, muitos de nossos estudos e nossas investigações universitárias nem sempre trazem novas luzes a certos fenômenos examinados. Às vezes, algumas analises, até mesmo aquelas tidas como consagradas devido ao acúmulo de criticas elogiosas ou pela repetição de citações, terminam consagrando ou fixando conceitos que nem sempre coincidem, absolutamente, com a verdade plena. Um deles, muito flagrante, é aquele que nos aponta, no campo da história, sociologia, psicologia coletiva e da cultura geral, o Coronelismo como uma manifestação já desaparecida, morta, extinta. Mas, na realidade, tal não aconteceu, pois o coronelismo está vivo, vivinho da silva. Encontra-se em pleno vigor sob a forma resistente e multiforme do neocoronelismo. O que desapareceu, meus caros senhores da seara histórica, sociológica e psicológica foi tão somente o estilo de se exercer o comando quanto ao uso e à manipulação do poder local ou regional. Todas as obras que eu consultei sobre esta matéria, dão-no como desaparecido no tempo e no espaço. Tomaram a nuvem por Juno. O coronelismo está vivo – repito – sob a forma modernizada do neocoronelismo. O que realmente desapareceu foi apenas o estilo do antigo coronelismo. Geralmente os meios de comunicação, com insistência, sobretudo nas novelas televisionais, apresenta-nos um coronel de porte hierático, falando grosso, autoritário, com sua corrente de relógio de bolso, às vezes com sua bengala ou seu charuto, rodeado de jagunços, de compadres ou seguidores que lhe cercam de salameleques, viajando em cavalos bem arreados etc. Este é o estereótipo bem conhecido e já desaparecido. O neocoronel de nossos dias, geralmente anda bem trajado, segundo os ditames da última moda, usa veículos motorizados, às vezes o avião, o rádio, o telefone e alguns – talvez em número menor – usam, infelizmente, pistoleiros que correspondem aos antigos jagunços ou capangas, para a execução dos seus planos sinistros. Pelo exposto, o coronel tradicional não foi totalmente extirpado de muitas de nossas comunidades, mas, apenas, o seu estilo de exercer o mandonismo local. Não faz muito tempo, testemunhei, no alto sertão da Bahia, uma atitude neocoronelista: certo prefeito fazia-se presente, numa das sessões da Câmara de Vereadores, em que se deveria aprovar as contas da gestão daquele mesmo prefeito! Quando o neocoronelismo morrer, bem como seus hediondos métodos, ninguém lhes dirá: Requiescant in pace! Mas sim: Vade retro Satana! (esta e outras crônicas também foram publicadas pela Rádio Web Melodia) Prof. Ático Mota… * 11/10/1928… + 26/03/2016 … * 26/06/2016… |