Por Sócrates Menezes*
Dizia o ensaísta argentino Eduardo Galeano: “Machismo é o medo dos homens das mulheres sem medo”. Instigante, ao tempo elucidante, desafia, não apenas a inteligência daqueles acomodados com as coisas como elas estão, mas estimula a pensar como as coisas podem ser. Quantos elogios a mulher necessita para que seja negada sua posição autodeterminante e política? Nenhum! E quão longe deve ser a referência da beleza dessa mulher para fazer com que ela não se sinta pertencente e participante de seu próprio tempo? Nesse mundo provinciano e paternalista, acovardado na covardia alheia, nada mais “normal” do que retirar da mulher sua posição central no embate político e real. Por que não seria ela participante da concepção da imagem de protesto que ela mesma carrega em seus braços? Aliás, quantos homens participantes da política macaubense, supostamente com voz ativa, incapazes de criatividade e coragem, não são meros cabides de paletós de políticos dos quais perseguem município a fora em vergonhosas e imorais campanhas eleitoreiras? Incomoda a coragem da mulher porque desperta medo nos homens sem coragem de ter de reconhecer que, para além de seus belos rostos, há nela a formação de uma posição que desafia essa mesma voz machista. A beleza mesmo está aí, na autodeterminação e no reconhecimento da posição política mulher, porque ela não é covarde e não baixa mais a cabeça. Sintomático é, ao tempo que denunciante, o nível da participação da mulher (sem representação nas casas eletivas) até essa Macaúbas que começa a se movimentar e a se “femininar” (e porque não?). Então, deveríamos economizar os desejos de conquistas, que só virão com lutas? Não há nada conquistado e apenas um primeiro passo foi dado rumo ao fim do pensamento pequeno de homens “pequenos”.
* Sócrates Menezes é professor da UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.