Leitor do blog se posiciona sobre artigo do Tenente Coronel Irlando Oliveira intitulado: “O Brasil na UTI: intervenção militar já”, o posicionamento é do artista plástico autodidata Eduardo Cambuí Jr. veja:
Por Eduardo Cambuí Jr.
Olá, Tenente coronel Irlando! Respeito sua opinião e leio com certa frequência os seus textos, mas me custa acreditar que o senhor, esclarecido como é, acredite francamente que a ‘salvação’ do país esteja na intervenção militar. O atual cenário brasileiro realmente é muito preocupante, com os telejornais tomados de notícias sobre violência e corrupção. Isto é fato! Mas o Brasil precisa vencer tudo isto única e exclusivamente através do amadurecimento da democracia livre e participativa. Estes três fatores estão interligados (“violência”, “corrupção” e “democracia livre e participativa”) e uma exerce influência sobre a outra. Uma democracia que não é participativa faz com que os corruptos se sintam livres para fazer o que quiserem (que é o caso atual). Governo corrupto não diminui a desigualdade social, que consequentemente faz surgir a violência.
O caos da segurança pública que o Rio de Janeiro enfrenta hoje (e que é muito grave) não é um fenômeno surgido esses dias… é um acúmulo de descaso, desigualdade e desassistência de anos a fio, que inclusive esteve presente nos 21 anos que o país passou sob o governo militar. O que vivemos hoje é o resultado de uma consequência. Mas alguns podem dizer que naquela época não acontecia o caos de hoje, que traficante não mandava no morro e etc, mas se enganam, pois eles já existiam. A grande diferença é que hoje o acesso a informação é infinitamente maior e ao alcance de todos e na época só era veiculado o que o governo permitia (e era só rádio e tv).
Já no que se refere a corrupção, essa imensa sombra que parece pairar sobre a maioria esmagadora da classe política brasileira, ter os militares no poder não é absolutamente garantia nenhuma de que não haverá mais corrupção e que, num cenário assim, a ordem será reestabelecida e viveremos num ambiente harmonioso. Afinal, também existem militares corruptos porque, tanto militares quanto políticos, somos originários do mesmo povo, que infelizmente também demonstra ser corrupto.
No meu entender, toda a intervenção militar é um golpe militar… os governos em exercício não vão simplesmente liberar sua posição quando o exército ir lá pra assumir. Vai ser na força, portanto, tomada de poder, que em outras palavras, é golpe. Todos os países que optaram por intervenção militar foram governos autoritários e, convenhamos, a experiência nacional neste quesito não é nada boa. Em 1964, o discurso era exatamente o mesmo: livrar o país da corrupção e das más influências e deu no que deu… fechamento do Congresso; censura ferrenha no jornalismo e na cultura; desaparecimento, tortura e perseguição contra as pessoas que pensavam diferente do que pregava o sistema; qualquer reunião de 5 pessoas ou mais era considerada subversiva, enfim, considerando a nossa experiência com governo militar e lembrando da máxima popular que diz que “insistir num erro é burrice”, minha resposta ao título do seu texto é: “não, obrigado!”