Blog do Alécio Brandão

Fala Cidadão: Rua Castro Alves, moradores pedem providências urgentes quanto a limpeza de lote e “coisas mais”!

“Castro Alves (Antônio Frederico de Castro Alves) foi um poeta brasileiro do século XIX que se destacou na luta contra a escravidão e pela igualdade de direitos. É considerado um dos mais importantes poetas da literatura brasileira. É o poeta nacioinal. ”

Rua Castro Alves, Centro de Macaúbas (Imagem cedida)

Inspirado nos valores morais e cívicos do homem que deu nome a uma das principais ruas do centro de Macaúbas, o “Poeta dos Escravos”. Moradores da Rua Castro Alves, mantiveram contato com a redação do blog, enviando foto de uma situação que há muito incomoda: a Prefeitura é proprietária de um “lote/terreno” que fica ao lado da agencia dos Correios, o qual, segundo moradores é ponto frequente de proliferação de ratos e insetos, e pelas imagens cedidas, está sem manutenção, precisando de uma urgente limpeza. Outra situação, alertada por um morador, é uma placa de sinalização, que está mal posicionada, a qual recentemente afixada, já foi danificada – pois, “além de obstruir o passeio público, impedindo a passagem de pedestre, há uma construção na esquina que também tomou metade do passeio público.” Diz o cidadão.

O blog não consegui manter contato com o setor responsável da Prefeitura, contudo, espaço fica aberto para interessados. E-mail do blog: [email protected] e (77) 99955-7958

 

E não poderia deixar sem o registro de uma das mais belas poesias do baiano Castro Alves, que faleceu aos 24 anos (1847 – 1871)

MOCIDADE E MORTE

E perto avisto o porto
Imenso, nebuloso, e sempre noite
Chamado – Eternidade!

Laurindo.

Lasciate ogni speranza, voi ch’entrate.

Dante.

Oh! Eu quero viver, beber perfumes
Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh’alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n’amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma…
Nos seus beijos de fogo há tanta vida…
Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida.

Mas uma vez responde-me sombria:
Terás o sono sob a lájea fria.

Morrer… quando este mundo é um paraíso,
E a alma um cisne de douradas plumas:
Não! o seio da amante é um lago virgem…
Quero boiar à tona das espumas.
Vem! formosa mulher – camélia pálida,
Que banharam de pranto as alvoradas.
Minh’alma é a borboleta, que espaneja
O pó das asas lúcidas, douradas…

E a mesma vez repete-me terrível,
Com gargalhar sarcástico: – impossível!

Eu sinto em mim o borbulhar do gênio.
Vejo além um futuro radiante:
Avante! – brada-me o talento n’alma
E o eco ao longe me repete – avante! –
O futuro… o futuro… no seu seio…
Entre louros e bênçãos dorme a glória!
Após – um nome do universo n’alma,
Um nome escrito no Panteon da história.

E a mesma voz repete funerária: –
Teu Panteon – a pedra mortuária!

Morrer – é ver extinto dentre as névoas
O fanal, que nas guia na tormenta:
Condenado – escutar dobres de sino,
– Voz da morte, que a morte lhe lamenta –
Ai! morrer – é trocar astros por círios,
Leito macio por esquife imundo,
Trocar os beijos da mulher – no visco
Da larva errante no sepulcro fundo.

Ver tudo findo… só na lousa um nome,
Que o viandante a perpassar consome.

E eu sei que vou morrer… dentro em meu peito
Um mal terrível me devora a vida:
Triste Ahasverus, que no fim da estrada,
Só tem por braços uma cruz erguida.
Sou o cipreste, qu’inda mesmo flórido,
Sombra de morte no ramal encerra!
Vivo – que vaga sobre o chão da morte,
Morto – entre os vivos a vagar na terra.

Do sepulcro escutando triste grito
Sempre, sempre bradando-me: maldito! –

E eu morro, ó Deus! na aurora da existência,
Quando a sede e o desejo em nós palpita…
Levei aos lábios o dourado pomo,
Mordi no fruto podre do Asfaltita.
No triclínio da vida – novo Tântalo –
O vinho do viver ante mim passa…
Sou dos convivas da legenda Hebraica,
O ’stilete de Deus quebra-me a taça.

É que até minha sombra é inexorável,
Morrer! morrer! soluça-me implacável.

Adeus, pálida amante dos meus sonhos!
Adeus, vida! Adeus, glória! amor! anelos!
Escuta, minha irmã, cuidosa enxuga
Os prantos de meu pai nos teus cabelos.
Fora louco esperar! fria rajada
Sinto que do viver me extingue a lampa…
Resta-me agora por futuro – a terra,
Por glória – nada, por amor – a campa.

Adeus! arrasta-me uma voz sombria
Já me foge a razão na noite fria!

(Fonte: Site da Academia Brasileira de Letras)

 

 


error: Conteúdo Protegido !!