Blog do Alécio Brandão

CONHEÇA MELHOR O QUE MACAÚBAS PERDEU e POR QUE. ENTREVISTA COM O HISTORIADOR PROF. UILSON.

Uilson Magalhães SilvaEntrevista concedida ao Macaúbas On Off, por Uilson Magalhães Silva, uma visão sintetizada do comportamento do povo daquela região, seus hábitos culturais, sua geografia e aspectos políticos, para que possamos  entender como se deu o processo, considerado inconstitucional, de transferência daquele “pedaço” de Macaúbas para Riacho de Santana.
Livro de Uilson
Uilson é professor na cidade de Botuporã, escritor, historiador graduado pela UNEB e também é estudante de Direito. Conhecedor da história daquela região como poucos. Macaubense radicado em Botuporã,  nascido e criado na região de Lagoa Clara onde também estudou. É autor de dois livros que falam sobre a comunidade de Lagoa Clara, que inicialmente era sede administrativa do município de Macaúbas e outro que relata a história de Botuporã, com o título: “Botuporã, entre resgates e rescaldos”.

Veja a entrevista com fatos históricos surpreendentes:
On Off:  A área perdida já pertencia a Riacho de Santana, para justificar a “atualização” conforme diz a Lei Estadual sancionada pelo Governo Wagner no dia 07 de janeiro deste Ano?

Cachoeira, agora é de Riacho! 
Prof. Uilson: A área a qual foi desmembrada de Macaúbas e incorporada ao município de Riacho de Santana de acordo com Lei Estadual. Ao longo da História foi uma região abandonada e desprovida de políticas públicas de ambos os municípios. Riacho começa explorar a referida região no início da década de 60 do século passado, mas exclusivamente com fins eleitorais mediante aval de autoridades do município de Macaúbas, mediante acordos políticos informais entre gestores dos municípios limítrofíces. Mas do ponto de vista econômico, social e cultural. A população residente naquela área continuou frequentando as feiras- livres de Tanque Novo, Botuporã e Igaporã, participando de missas e festas no distrito de Lagoa Clara. O que sempre pertenceu a Riacho de Santana foi a paróquia, cujos limites eram a margem esquerda do rio Santo Onofre, mas o estado é laico. Na região sempre se confundiu o limite de paróquia como de limite de município, o que é um equívoco, pois não se trata de uma teocracia
On Off:  A população da região tem relação econômica ou histórica ou cultural com Riacho de Santana?

Lagoa Clara, Macaúbas, BA.
Foto: Helivelto Lima
Igreja de Lagoa Clara

Prof. Uilson: A população desta região frequenta com regularidade as feiras- livres de Lagoa Clara, Tanque Novo e Igaporã. Efetua movimentações financeiras nas agências bancárias desses últimos. É ainda onde recebe os seus benefícios dos programas sociais do Governo Federal, por conseguinte deixa suas divisas nesses municípios. Esporadicamente visita à sede do Município de Riacho de Santana.

Do ponto de vista Histórico, as famílias que habita essa região são descendentes dos povoadores da sede do distrito de L Clara, no século XIX, são os: Lessa, Costa, Caldeiras, Souza, Pereira, Silva, Ribeiro e Outros. Maioria é registrada, casado no cartório do distrito de Lagoa Clara e ainda frequenta as festas realizadas nesse distrito.

On Off:  Os moradores de Cambaitó, Cahoeira dentre outras comunidades frequentam a feira livre de Riacho de Santana?

Prof. Uilson: Conheço na localidade de Cachoeira a 07 km de Lagoa Clara; 58 km de Macaúbas e 83 km de Riacho de Santana, pessoas que se quer conhecem

 a sede de seu novo município. Se a Lei Estadual é com base no pertencimento de sua gente a um município, estranho! Cachoeira, Caraíbas. São localidades cujas moradores não se vinculam em nenhum aspecto ao município de Riacho de Santana.


Lagoa Clara, Macaúbas, BA - Uploaded by Marcio Vaz Cardoso on panoramio.com
(Foto: Márcio Vaz)
Cobertura da Feira Livre de Lagoa Clara
Com relação ao povoado de Cambaitó, o povoado mais importante da “região da Serra” ou ” Gerais” como é conhecido la em Riacho de Santana, uma vez que a vegetação e o relevo dessa região contrastam com o do território original daquele município, sua população tem suas atividades comerciais, serviços de saúde, educação (Ensino Médio) no vizinho município de Tanque Novo e aos domingos frequenta a feira-livre de Lagoa Clara.
On Off:   Quais são as cidades mais próximas a Cambaitó, você tem esta distância em Km?
Prof. Uilson: A distancia de Cabaitó, o mais importante povoado dessa área para com os municípios vizinho é a seguinte:

Tanque Novo: 40 km;
Botuporã: 42 Km;


Igaporã: 45

Macaúbas: 61 Km;

Riacho de Santana: 66 km.


On Off:Como historiador, escritor e grande conhecedor desta vasta região, qual o seu ponto de vista em relação a “transferência” destas terras para Riacho de Santanta?

Prof. Uilson: A perca territorial do município de Macaúbas está ligado intrinsecamente ao abandono e ao descaso do Poder Público para com o distrito de Lagoa Clara, aliado a inércia e omissão de uma representação política local parasitária, que não nos representa. Uma mínima estrutura na sede do distrito de lagoa Clara, como: uma unidade básica de saúde (com atendimento médico diário de pequenas complexidades), um colégio de Ensino Médio(regular), um correspondente bancário e uma subdelegacia dotada de efetivo policial. Poderia ter evitado esse acontecimento trágic

No ano de 2002, o então prefeito de Riacho de Santana, Sr. Tito Eugênio de Castro tentou devolver essa referida área para Macaúbas, depois de sofrer hostilidades na região, mais precisamente na comunidade Cambaitó, mas na época não houve interesse das autoridades de Macaúbas, nem da representação política de Lagoa Clara. Em dezembro de 2002, estive com o vereador do município de Riacho de Santana, Sebastião Geraldo, o Tião do SAAE, na localidade de Gado Bravo, aí ele me disse: “Tito está pensando em devolver essa área para Macaúbas, mas eu falei pra ele que enquanto eu for vereador, representando a região aqui da Serra, ele não vai fazer isso”.
Devido a esse estado de abandono por parte do Poder Público de Macaúbas e também de Riacho de Santana para com esta região, seus eleitores tendem a trocar seus domicílios eleitorais e serviços de saúde para o vizinho município de Botuporã. No ano de 1996, somente a sede do distrito de Lagoa Clara possuía 186 eleitores votando em Botuporã. Na área em litígio, os eleitores só permanecem votando em Riacho mediante a coação de cabos eleitorais da região, mas se dependesse do livre arbítrio do eleitor, teria o seu título eleitoral  em Tanque Novo ou em Botuporã, mas Macaúbas parece ter uma grande rejeição principalmente no povoado do Cambaitó.


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