* Por Irlando Oliveira
Ao longo da história da humanidade, a mulher sempre se viu subjugada, humilhada e vilipendiada, remanescendo tais traços na atualidade, em alguns países, mormente no Oriente Médio e África. Analisando a conquista da liberdade e emancipação da mulher, vamos encontrar no século XVIII, em plena Revolução Francesa, a sua luta pela conquista do voto e, via de consequência, da sua cidadania. No século XIX, no ano de 1842, fomos brindados com o livro do eminente escritor francês Honoré de Balzac, intitulado “A mulher de trinta anos”, conferindo às mulheres desta maravilhosa idade o adjetivo de “Balzaquianas”, representando, dentre outros fatores, o ápice da vida amorosa. No século XX, mais precisamente em 1949, foi lançado o livro da ínclita escritora e filósofa existencialista francesa Simone de Beauvoir, denominado “O segundo sexo”, o qual norteia o Movimento Feminista Moderno, nos apresentando sua célebre frase: “Não se nasce mulher; torna-se mulher”. Neste mesmo século, a Carta das Nações Unidas, em 1945, e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948, têm como fundamentos a igualdade de direitos entre homens e mulheres e a não-discriminação destes. Num passo seguinte, em 1979, houve a Convenção da ONU sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher, a qual obteve um substancial número de ratificações pelos Estados-Partes (168, em 2001), em que pese apresentar um expressivo número de reservas – todas atribuídas a culturas radicais. Em 1994, no âmbito da Organização dos Estados Americanos (OEA), foi realizada em Belém do Pará a Convenção interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher.
Notamos, assim, que foram inúmeras as conquistas das mulheres ao longo desse período, as quais lograram ainda, aqui no Brasil, a Lei Maria da Penha, em 2006, e a Lei do Feminicídio, em 2015. Mas algo tem nos inquietado, pois percebemos que, na atualidade, algumas mulheres têm se permitido a condutas extremamente equivocadas, já que têm confundido – ao que nos parece – liberdade com libertinagem. Desta forma, analisando os significados dos referidos verbetes, à luz do dicionário, vamos encontrar liberdade como sendo o “direito de proceder conforme nos pareça, contanto que esse direito não vá contra o direito de outrem; condição de quem goza de liberdade; conjunto das ideias liberais ou dos direitos garantidos ao cidadão”. Ao passo que libertinagem se traduz naquilo “que ou quem revela um comportamento moralmente desregrado, centrado nos prazeres sexuais; devasso”.
Assim, pensamos que, como a mulher esteve ao longo da história sempre reclusa, limitada no seu comportamento e no seu proceder, algumas se mantêm nessa conduta atávica, agindo e atuando pessoal e profissionalmente como mulher, sem perder seu brilho e sua dignidade. Contudo, outras têm apresentado comportamento completamente diverso, causando perplexidade à sociedade, devido ser algo que macula a figura feminina, pois temos constatado atos de exibição do corpo, através do nudismo na internet, de “danças” inomináveis, já que não apresentam nada de sensualidade; pelo contrário, de degradação! Sem contar os vídeos pornográficos veiculados nos grupos de “WhatsApp”, em que algumas se permitem se desnudar literalmente, sem medo, pudor ou vergonha, conspurcando a própria dignidade! Assim, nos perguntamos: em troca de quê?
Não é porque a mulher conquistou a sua liberdade – como vimos, com muita luta – que poderá se permitir a condutas degradantes. É preciso cautela! A beleza, a elegância e a maravilha da mulher reside na sua feminilidade, na sua doçura e na sua sensualidade natural, pois tais atributos são ínsitos de qualquer uma! A mulher que se permite a condutas de baixeza moral perde seu valor perante qualquer homem! Os chamados assuntos de alcova somente dizem respeito ao casal, pois o que sucede entre quatro paredes representa a intimidade dos enamorados, devendo ser algo apenas destes, apesar de sabermos dos inúmeros desvios sexuais que muitos são portadores.
Desta forma, que as famílias possam orientar e acompanhar suas filhas, dando-lhes as noções e o entendimento do presente texto, sob pena de vermos, a cada dia, a mulher se comprometendo no seu real papel na sociedade! A ela, está reservada a experiência de uma vida plena, mas sem comportamentos vis, pois a emancipação da mulher foi algo conquistado com muita luta, apesar de ainda termos, culturalmente, civilizações que as tolhem nas suas condutas e formas de ser.
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* Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Major do QOPM, atual Comandante da 46ª CIPM/Livramento de Nossa Senhora, e Especialista em Gestão da Segurança Pública e Direitos Humanos.