Blog do Alécio Brandão

O dantesco cenário do crime no Brasil

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* Por Irlando Oliveira
Enquanto muitos comemoravam com familiares e amigos o advento de mais um ano novo, brindando-o nas inúmeras confraternizações e rogando aos céus que ele trouxesse paz, saúde e felicidade, este mesmo ano estava sendo anatematizado no mundo do crime, pois, em menos de seis dias de 2017, acompanhamos as rebeliões que se sucederam na região norte do país: uma na madrugada do dia 1º, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), na cidade de Manaus/Amazonas, e outra na madrugada deste dia 6, na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC), na zona rural de Boa Vista/Roraima. Informações indicam que ambas somam mais de uma centena de mortes, todas levadas a efeito com requintes de crueldade, havendo mutilações de corpos e decapitações.
Ora, se isso acontece no ambiente de presídios, onde os apenados deveriam estar nas celas, presos – na acepção da palavra -, ficamos a imaginar como não anda a situação aqui fora, onde os criminosos usufruem de larga liberdade! A todo momento acompanhamos o nascimento de mais uma facção criminosa ou desdobramento de outra. É Comando Vermelho, Primeiro Comando da Capital, Família do Norte, etc. O crime sempre tomando corpo! Não vemos qualquer estratégia por parte dos Órgãos Federais, principalmente, com o escopo de por termo a esse crescimento infrene do crime organizado. Pelo contrário, temos constatado o enfraquecimento das Forças que o combatem! Sabemos que as principais facções fincaram suas raízes no território brasileiro desde a década de 70; ou seja, são mais de 40 anos se desenvolvendo e se fortalecendo quase que livremente.
O crime organizado é tal qual uma erva daninha: quanto mais a deixam desenvolver, mais e mais ela se multiplica. Isso que estamos vendo agora no país nada mais representa do que o reflexo desse Estado inerte e inescrupuloso que se chama Brasil, já que as políticas públicas de redução de criminalidade são pífias e inconsistentes. Ou se investe pesado em segurança pública ou não vamos, jamais, debelar este mal à sociedade. Percebemos discursos de alguns governantes, contrários aos avanços de tais políticas, sempre sob o pretexto de que o investimento representa um custo muito alto. É exatamente por isso que o crime vem tomando a proporção assustadora da atualidade!
O nosso sistema prisional é uma piada de mau gosto. Completamente incompetente, pois já deu mostra disso, à saciedade! Se a PM local tivesse feito alguma intervenção nos presídios citados e ocasionasse essas mortes, certamente estariam todos execrando os policiais, à cata de culpados, como forma de darem “satisfação” à sociedade. E nesses dois casos, quem é o culpado senão o Estado! Quem o responsabilizará? Onde os paladinos dos direitos humanos? Se manterão silentes até quando? Urge a necessidade de se encarar o sistema prisional com uma maior seriedade e responsabilidade, pois do jeito que se encontra tem sido praticamente uma extensão ou filial da grande matriz criminal que se situa fora das “grandes muralhas”!
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* Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Major do QOPM, atual Comandante da 46ª CIPM/Livramento de Nossa Senhora, e Especialista em Gestão da Segurança Pública e Direitos Humanos.

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